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Toppi

 

Sergio Toppi (1932 – 2012) é um ilustrador e desenhador de BD italiano, notável pela exuberância dos desenhos e pela construção atípica das pranchas. Cada página é construída como uma única prancha, com elementos que se interpenetram, numa invasão que faz, ela mesma, parte da construção narrativa. Os desenhos são minuciosos, numa primeira fase basicamente preto e branco sem cinzentos, de um sombreado construído a partir da maior ou menor densidade dos traços; com motivos poéticos e fabulosos, de um excesso barroco que parece por vezes inspirar-se em Klimt, com ornamentos pictóricos mitológicos e exóticos. A evocação da pintura não será despicienda em Toppi, em que algumas pranchas de página são verdadeiros quadros.

O exotismo, a mitologia, a magia, atravessam toda a obra de Toppi, que se debruçou sobre As mil e uma noites, as mitologias pré-colombianas, o oeste americano, a Bíblia, o Japão medieval, a África negra, o deserto e o Sahel, a Toscânia fabulosa, as valquírias de Wagner e a mitologia nórdica, as iluminuras gaélicas ou as aventuras de Sandokan, tendo ainda feito capas para histórias da Marvel. É dele uma das histórias de que falo a propósito de Guido Crepax na colecção Um Homem, uma aventura: O homem do Nilo.

Este Blues que se apresenta é uma incursão pelo blues, em duas histórias. A primeira conta a história de um guitarrista de blues do Bayou, filho bastardo do Barão Samedi, figura maléfica mítica voudu, que se vinga do pai. A segunda história tem como protagonista Honeylips, um saxofonista que toca blues com um som doce e profundo.
Histórias terríveis, carregadas de simbolismo voudu e fábula, exuberantes e belíssimas.  

As duas pranchas que se exibem foram gentilmente cedidas pelo editor, Mr. Michel Jans.

Blues, pg. 52, Toppi, 2007
Blues, contracapa, Toppi, 2007
© éditions Mosquito / Fonds Sergio Toppi
mosquito.editions@wanadoo.fr